Dra. Cristal Cabral

Algumas condições endocrinológicas ocorrem justamente durante a gestação. Entre elas o diabetes gestacional, que é a alteração metabólica mais comum na gravidez (ocorre em até cerca de 20% das gestantes) e é uma condição específica desse período que tende a melhorar após o parto.

Outra condição comum de vermos durante a gestação são as alterações da função da glândula tireóide. Os hormônios tireoidianos maternos são extremamente importantes, dentre outros, para o desenvolvimento neurológico fetal, já que a tireoide fetal só começa a funcionar no meio da gestação.

Caso a grávida já tenha alguma dessas condições antes da gravidez, o acompanhamento regular com endocrinologista é ainda mais importante.

Falta de energia, baixa de libido, queda de cabelo, ossos fracos. Quem nunca passou por isso durante a menopausa? Muitas vezes esses sintomas diminuem muito a qualidade de vida da mulher que está na menopausa. Alguns casos precisam ser avaliados pelo endocrinologista sobre a indicação de iniciar tratamento com reposição hormonal.

Outra situação que ocorre durante a menopausa é o quadro de osteoporose, doença que leva a diminuição da massa óssea aumentando o risco de fratura.

Como a maioria dos casos não tem qualquer sintoma, quando há presença de sintomas significa que já houve alguma complicação relacionada à doença. Por isso, o endocrinologista deve ser procurado o quanto antes a fim de iniciar precocemente o tratamento e evitar se possível as complicações relacionadas ao diabetes.

Porém, para quem já tem diabetes, existem alguns sintomas de alerta como perda de peso não intencional, muita sede e aumento do volume e frequência urinária, náuseas e vômitos e dor abdominal. Muitos casos de diabetes tipo 1 também são diagnosticados quando surgem esses sintomas. Nesses casos a glicemia provavelmente estará muito elevada, devendo-se iniciar ou ajustar o tratamento com urgência.

É importante saber que o tratamento iniciado precocemente evita ou atrasa o desenvolvimento de complicações relacionadas ao diabetes, tais como infarto do miocárdio, perda visual, perda de função renal com necessidade de hemodiálise, aumento do risco de amputação além de outros como disfunções sexuais e até mesmo demência.

O tipo de tratamento (com medicamentos orais ou insulina) dependerá principalmente do tipo de diabetes e do grau de reserva pancreática para produção de insulina, sendo o endocrinologista o profissional mais qualificado para indicar e acompanhar o tratamento.

Por que é preciso procurar o endocrinologista para emagrecer?

• É o especialista que avalia se há alguma alteração hormonal ou metabólica contribuindo para o ganho de peso.

• Identifica se há algum distúrbio alimentar associado a alta ingesta calórica bem como indica seu tratamento.

• Evitar o efeito-sanfona. Quando se faz o tratamento de obesidade com acompanhamento e orientação, o risco de reganhar o peso perdido é menor.

• Além de orientar sobre a adoção de estilo de vida saudável com alimentação equilibrada e prática de atividade física, indicará se se é necessário associar tratamento medicamentoso ou cirúrgico

A cirurgia bariátrica vem se tornando um procedimento popular para tratamento de obesidade, mas você sabia que ela tem indicações muito específicas para serem realizadas? 

Caso elas não sejam seguidas, a cirurgia pode apresentar um risco maior que seus benefícios. Uma dessas indicações é a intratabilidade clínica que significa uma falta de resposta ao tratamento clínico realizado com acompanhamento regular pelo período de 2 anos. 

Além disso, somente pessoas com IMC acima de 40Kg/m² ou acima de 35Kg/m² com comorbidades relacionadas à obesidade são elegíveis a esse tipo de tratamento. Por isso o acompanhamento regular com endocrinologista é muito importante antes da realização do procedimento.

Após a realização da cirurgia bariátrica também é importante manter o acompanhamento com endocrinologista pois é muito comum haver deficiências nutricionais que precisam ser avaliadas e realizada reposição, se necessário. Além disso, como todo processo de emagrecimento, há risco de reganho de peso que necessita ser identificado e tratado precocemente.

Sintomas como cansaço crônico, pele ressecada, queda de cabelo e alterações de sono são muito frequentes no consultório do endocrinologista e muitas vezes eles se devem a alterações no funcionamento da glândula tireoide ou outras desordens hormonais como as da glândula hipófise.

Além das desordens hormonais, outros fatores que contribuem para esses sintomas também podem ser avaliados pelo endocrinologista como o excesso de peso e alguma deficiência nutricional.

É uma doença crônica silenciosa que quando não tratada pode levar a risco aumentado de AVC, infarto, insuficiência cardíaca e alteração renal. Cerca de 10% dos casos de hipertensão podem ser devido a alterações na produção hormonal de aldosterona, cortisol ou catecolaminas.

Devemos investigar com o endocrinologista se a causa da hipertensão arterial é secundária a distúrbios hormonais em algumas situações:

• Início antes dos 30 anos de idade
• Início após os 50 anos de idade
• Hipertensão que não responde adequadamente ao tratamento
• Hipertensão grave (acima de 180 X 110mmHg)
• Associada a outros sinais/sintomas de alterações hormonais

Algumas alterações hormonais podem ser responsáveis pela dificuldade de engravidar. Na mulher é muito frequente a ocorrência da síndrome dos ovários policísticos (SOP) que além da irregularidade menstrual, com dificuldade de engravidar, pode cursar com aumento de pêlos e acne. Além disso as mulheres com SOP têm uma incidência maior também de diabetes devido à resistência insulínica mesmo estando com peso adequado.

Já os homens devem ser avaliados quanto a presença de hipogonadismo, ou seja, baixa produção do hormônio masculino, a testosterona. Nesse caso, o endocrinologista avaliará se essa baixa produção de testosterona se deve a baixa estimulação testicular ou se o problema na produção é diretamente no testículo.

Outro problema que pode afetar a fertilidade tanto de homens quanto de mulheres está relacionado à produção excessiva de prolactina, hormônio produzido pela glândula hipófise e que pode apresentar como sintoma a saída de leite pela mama.

A prevenção é o melhor remédio. Por isso é tão importante estar com a saúde em dia. A realização de acompanhamento médico de rotina e realização de exames de check-up ajudam na manutenção e promoção de uma qualidade de vida saudável, e o endocrinologista é o especialista ideal para esse acompanhamento pois além de avaliar como anda sua saúde, também avalia o risco de desenvolver alguma doença metabólica e até mesmo pode diagnosticar precocemente doenças em estágio inicial.